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Entre a falta e o excesso

  • psicojessicagoncal
  • 1 de set.
  • 1 min de leitura

Atualizado: 2 de set.



Penso demais, o tempo inteiro,

é barulho constante, nunca passageiro.


Acontece algo, já estou a pensar:

o que poderia ser,

o que eu gostaria de encontrar.


Sempre no talvez,

no quase, no nunca,

onde o presente dói

e a ausência trunca.


Prefiro calar os sentimentos,

mas deixar correr as fantasias.

Elas vêm em histórias,

às vezes curam,

às vezes me exilam em outras vias.


Tão longe vou,

que perco o chão, flutuo na galáxia.

E quando retorno,

sinto a morte sem carcaça.


Não é morte de corpo,

é desejo de ficar,

mais um pouco na ilusão,

onde dói menos estar.


Será que enlouqueci?

Ou será que todos fingimos razão,

para suportar as faltas —

mesmo as que nos fundam,

mesmo as que são condição?


Na neurose obsessiva, o pensamento em excesso funciona como defesa: adiar a ação, afastar-se do desejo, proteger-se da angústia que estar “presente” provoca.

A fantasia aparece como refúgio — às vezes salvadora, às vezes prisão.

No fundo, o poema revela aquilo que Lacan nos ensina: é na falta que o sujeito se constitui, e é dela que nasce o desejo.

 
 
 

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